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  • Sabrina Miranda

#Aprender a Aprender!

Atualizado: 30 de mar. de 2023

Texto elaborado pela Profa. Dra. Sabrina do Couto de Miranda.

Podemos começar este texto com o seguinte questionamento: O que é aprender? A resposta para esta questão envolve: assimilação de determinada informação; compreensão de um conceito; entendimento de determinado processo; desenvolvimento de habilidades para desempenhar uma atividade ou resolver um problema. Desde o nascimento estamos em constante aprendizado e este nos acompanha ao longo de toda a vida. Aliás, estudos mostram que ainda dentro do útero materno a criança reconhece a voz da mãe, ou seja, há aprendizado/formação de memória. A criança já nasce com alguns conhecimentos “instintivos” como, por exemplo, mamar para ingerir o alimento e comunicar-se pelo choro para chamar a atenção ou informar que algo errado/estranho está acontecendo. Ao longo do tempo a criança aprende, de forma mais natural e influenciada pelo contexto familiar, a falar, a andar e a se expressar. E posteriormente, aprendizagens mais complexas e menos intuitivas são necessárias, como aprender a ler e a realizar operações matemáticas. Para aprender há necessidade de mobilizar atenção e foco, e os órgãos dos sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato) são utilizados na captação de informações. Nem tudo que é captado fica “salvo” na memória. O cérebro é um órgão que, do ponto de vista evolutivo, se adaptou a selecionar para o armazenamento aquilo que é percebido como o mais importante, relevante ou significativo. Temos dois tipos de memória: memória de trabalho (de curta duração), com armazenagem efêmera; e memória de longa duração, com armazenamento duradouro. As duas são necessárias no cotidiano. O armazenamento permanente dependerá do conteúdo da experiência, da importância e do valor atribuídos. A consolidação do que foi aprendido envolve: compreensão, prática, repetição, experiência, conexões, estabelecimento de padrões, atribuição de sentido/significado. O cérebro é o principal órgão do sistema nervoso e é responsável pelo armazenamento do conhecimento assimilado na memória. No cérebro temos dois importantes tipos de células envolvidas no processamento/transmissão de informações: os neurônios e os astrócitos. O córtex e o hipocampo são as regiões do cérebro relacionadas com a memória e aprendizagem. Três importantes neuromoduladores estão envolvidos no transporte de informações no cérebro: acetilcolina, dopamina e serotonina. Estes são substâncias químicas que influenciam a forma como os neurônios respondem a outros neurônios, bem como, transportam informações sobre o conteúdo da experiência, importância e valor para o futuro, com impacto no nosso inconsciente. A acetilcolina está relacionada com o foco e atenção, e pode favorecer a formação de memória de longo prazo. A dopamina controla nossa motivação e está associada com recompensa imediata e futura. E a serotonina afeta nosso comportamento social e capacidade de tomada de decisões. Estudos mostram que as emoções potencializam o aprendizado, isso porque, em geral, sinalizam/destacam certa informação/acontecimento/conteúdo como relevante ou importante para ser gravado. Emoções estão interligadas com percepção e atenção e interagem com a aprendizagem e a memória. Com base no conteúdo exposto e em dados de pesquisas na área de neurociência sabe-se que podemos agir de forma intencional para potencializar nossa aprendizagem, ou torná-la mais eficiente e duradoura. A seguir apresentamos algumas formas de intervir deliberadamente no processo de aprendizagem: 1) Modo focado e Modo difuso de Pensar. Alternar entre estas duas formas de pensar, por exemplo ao longo do dia, pode auxiliar na otimização da aprendizagem de modo geral. O modo focado está relacionado com a concentração direcionada a um determinado conteúdo/informação/tarefa que se deseja aprender ou realizar. O modo difuso é mais relaxado, quando não se concentra em nada específico, deixando a mente livre para pensar ou ainda não pensar em nada. Neste contexto, a técnica do Pomodoro pode auxiliar na alternância entre estes dois modos de pensar, destinando tempo específico para concentração (por exemplo, cerca de 25 minutos) e igual tempo livre para relaxamento, repetindo-se o processo ao longo do dia.

2) Repetição Espaçada. Não se engane! Aprender demanda tempo para processamento e armazenamento na memória. Este tempo é um investimento que envolve gasto de energia física e biológica. A repetição espaçada da informação/conteúdo/tarefa que se deseja aprender ou realizar mostra-se eficiente no fortalecimento das sinapses e armazenamento na memória de longa duração. Assim, é melhor estudar o conteúdo ao longo do tempo do que deixar para estudá-lo um dia antes do teste, por exemplo. Você pode até se sair bem no teste, porém pouco tempo depois já terá esquecido tudo o que estudou. Então a escolha é sua: está estudando apenas pela “nota” ou quer realmente aprender.

3) Ambiência Adequada. Estar em um ambiente criativo e diversificado, em contato com pessoas que trabalham e dominam o conhecimento (expersts) que se deseja assimilar favorece a aprendizagem. Interação e estímulo são importantes no processo de aprendizagem. Além disso, sabe-se que de forma inconsciente o ambiente afeta nossa aprendizagem, parte do “contexto” em que estamos durante o aprendizado também é assimilado. Portanto, é importante utilizar-se de diferentes espaços/ambientes físicos para o estudo. Assim, você pode melhorar sua mesa ou sala de trabalho, deixando o espaço mais organizado e criativo, tais ações podem deixar seu dia mais produtivo e menos estressante.

4) Registrar é relevante. Realizar registros durante o processo de aprendizagem ajuda na assimilação e memorização do que se deseja aprender, favorecendo a construção de “blocos de memória”. De tal modo, sugere-se marcar o texto durante a leitura destacando pequenos trechos; escrever à mão resumos sobre o conteúdo estudado; preparar fichamentos com conceitos e definições mais importantes; anotar palavras-chave ou expressões chave associadas; ou ainda, após a aula, estudo ou leitura construir mapas mentais, deixando a folha na posição horizontal realçando no centro da folha a ideia principal e a partir desta relacionar outras informações.

5) Colocar-se em posição ativa. Este tópico se refere a postura do aprendente. É mais eficiente participar ativamente do processo de aprendizagem. Fazer perguntas, discutir, formular respostas e expor oralmente sua compreensão é mais eficiente no fortalecimento das conexões sinápticas do que apenas assistir e/ou ouvir passivamente. Outro aspecto importante é testar-se, confrontar aquilo que você acha que sabe com aquilo que deveria saber. Errar é importante no processo de consolidação do aprendizado, identificar fragilidades conceituais ou teóricas e corrigi-las é essencial durante o domínio de determinado conteúdo/conhecimento.

6) Exercícios físicos e boa alimentação. Atividades físicas são essenciais para o bom funcionamento do nosso organismo. Durante as atividades físicas, em geral, nos desligamos do modo focado de pensar e ativamos o modo difuso, o que permite a reorganização de conexões pré-estabelecidas e o estabelecimento de novas conexões entre os blocos de memória. As atividades físicas também favorecem a produção e liberação de importantes substâncias químicas como: endorfinas, dopaminas, oxitocina e serotonina. Uma alimentação saudável e equilibrada também é essencial para o metabolismo. Estudos indicam que crianças malnutridas têm mais dificuldades de aprendizagem em comparação com crianças da mesma faixa etária com nutrição adequada. Portanto, manter uma alimentação saudável e adequada, desde o nascimento, é essencial para o bom funcionamento do cérebro e favorece a capacidade cognitiva do indivíduo.

7) Dormir é fundamental. Durante o sono os neurônios encolhem e há, consequentemente, aumento dos espaços intercelulares promovendo maior circulação de fluido cerebral e eliminação de toxinas metabólicas acumuladas durante o dia. Estas toxinas causam dificuldades no raciocínio, aprendizagem e memória. Além disso, durante o sono ocorre parte do processo de aprendizagem e memória, com organização das informações, deleção de informações menos importantes e fortalecimento de sinapses mais significativas. Estudos indicam que o acúmulo de toxinas no cérebro, ao longo dos anos, pode levar à morte precoce, bem como, ao desenvolvimento de várias doenças, dentre elas enxaqueca, depressão e doenças cardiovasculares.

8) Diminua distrações e a Procrastinação. Ao longo do dia muitas distrações podem tirar nossa atenção e foco daquilo que é necessário, precisa ser feito ou aprendido, para outras coisas menos importantes. É muito comum perdermos um valioso tempo do nosso dia navegando pela internet ou vasculhando as redes sociais. Ao final do dia você estará cansado ou exausto, contudo, de fato, foi pouco produtivo ou não conseguiu concluir tarefas importantes. A técnica do Pomodoro pode ser útil para “regular” seu tempo ao longo do dia. No momento de concentração você deve focar naquilo que precisa realizar, portanto deve se desconectar da internet, e-mails, redes sociais e outros aplicativos de comunicação. Após ficar focado, por cerca de 25 minutos consecutivos, poderá se dar como “recompensa” como acesso à internet ou ter um cafezinho com os colegas, mas sempre cronometrando o tempo. Assim irá administrar melhor seu tempo ao longo do dia, alternado entre o que “precisa fazer” e o que “gosta de fazer”. Sabe-se que é quase impossível não procrastinar, mas podemos diminuir bastante o tempo em procrastinação. Neste sentido, evite gerar pensamentos negativos relacionados às tarefas que precisa realizar e tente focar no processo e não no produto. Faça na noite anterior uma lista das atividades a serem realizadas no dia seguinte, durante o sono, inconscientemente, seu cérebro trabalhará formas de realização.

9) Interessar-se! Estar motivado a aprender facilita o processo. As crianças, em geral, são muito curiosas e aprendem rápido. Percebemos que elas são inquietas e, logo após “entenderem” como certa coisa funciona, perdem rapidamente o interesse e partem para outra novidade! Diferentemente dos adultos, as crianças não têm medo de errar e buscam ajuda quando precisam. No contexto dos adultos no mundo do trabalho, muitas vezes temos que fazer aquilo que não queremos, mas que é exigido. Assim, há falta de motivação com pouco aprendizado e pouco êxito na realização da tarefa. Dois caminhos possíveis podem ser sugeridos: 1) Trabalhar naquilo que te interessa e dá prazer. Contudo, nem sempre isso é possível no mundo real; 2) trabalhar sua mentalidade buscando diminuir o estresse associado a realização de tarefas pouco aprazíveis e/ou ainda buscar proveito pensando que tudo que se aprende pode ser útil em algum momento da sua vida. Assim, a segunda opção é mais interessante.

Como mencionamos, precisamos estar em constante processo de aprendizagem, principalmente no atual contexto altamente tecnológico e dinâmico. Aprender uma nova língua, um novo software ou ferramenta tecnológica, ou uma forma diferente e mais eficiente de realizar determinada tarefa pode nos ser necessário ou exigido. Para tanto, esperamos que as informações aqui apresentadas sejam úteis e contribuam para a implementação de ações que podem otimizar seu aprendizado e melhorar sua qualidade de vida.

Sugestões: Plataforma Coursera (https://www.coursera.org): Learning How to Learn: Powerful mental tools to help you master tough subjects.

Texto postado no dia 18 de março de 2022.


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